O número de mortes resultantes desta tragédia não é consensual. Algumas fontes apontam para um número muito perto das 1000 vítimas mortais. De acordo com Cabral Nascimento, num longo estudo sobre estes acontecimentos que publicou no Arquivo Histórico da Madeira (Volumes 1 e 5), esta aluvião terá causado mais de 700 vítimas mortais e além da cidade, e além da cidade, também houve muitos danos nas restantes freguesias do Sul da Ilha, nomeadamente em Campanário, Calheta, Tabua, Ribeira Brava, Santa Cruz e, sobretudo em Machico, onde morreram catorze pessoas.
O governador e capitão general D. José Manuel da Câmara, dada a gravidade dos acontecimentos, fez publicar um edital adoptando as medidas necessárias para minorar os efeitos da catástrofe. Uma das primeiras medidas adoptados foi, naturalmente, procurar abrigo para as muitas pessoas que haviam ficado desalojadas. O alojamento provisório foi feito em diversos edifícios públicos, repartições de serviço do estado, igrejas, capelas, fortalezas bem como muitas casas particulares. Outra medida urgente foi a proibição do aumento dos preços dos géneros de consumo sob pena de severos castigos a aplicar aos transgressores.
Não permanecendo insensível ao sofrimento dos madeirenses o governo da metrópole, em Fevereiro de 1804, envia à Madeira o brigadeiro Reinaldo Oudinot com a incumbência de dirigir as tão necessárias obras de recuperação.
Em 19 de Fevereiro de 1804 chegou à Madeira o Brigadeiro Reinaldo Oudinot, reputado especialista em engenharia, que veio com a missão de dirigir os trabalhos de recuperação dos estragos provocados pela grande aluvião e orientar a construção das muralhas laterais das ribeiras.
Revelou, desde o início, elevada competência no desempenho das suas funções. Num curto espaço de tempo consegue realizar o encanamento das três ribeiras que atravessam o Funchal.
É também responsável por um dos grandes momentos de planeamento da cidade do Funchal, traçando um plano para a sua reconstrução, no qual se refere à expansão da cidade para norte, nascente e poente.
Também fora do Funchal desenvolve laboriosa actividade promovendo o alargamento e reforço das muralhas das bermas da ribeira de Machico. Promove a rápida reconstrução de muitas das estruturas danificadas, em diversos pontos da ilha, recorrendo ao serviço braçal gratuito de muitos madeirenses que apenas receberam géneros de primeira necessidade e a isenção de certos tributos, tudo de acordo com as antigas «Ordenações», que vigoravam desde o início do povoamento, para ocorrer a eventos excepcionais.
Reinaldo Oudinot viria a falecer na cidade do Funchal em 11 de Fevereiro de 1807, mas os seus serviços não foram esquecidos pelos habitantes desta cidade que atribuíram o seu nome à rua que fica na margem esquerda da ribeira de João Gomes, entre o Campo da Barca e a Praça dos Lavradores.