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sexta-feira, 6 de setembro de 2013

“Sweet Lorraine”

Fred Stoubaugh, um senhor de 96 anos residente de Illinois, nos Estados Unidos, ficou cabisbaixo depois que Lorraine, 91, morreu e colocou fim a um casamento de 73 anos. Mesmo não sendo músico, Stoubaugh escreveu uma letra para homenagear a esposa e entrou para a lista de dez músicas mais vendidas da iTunes Store norte-americana. 
A música foi feita inicialmente para um concurso promovido pelo estúdio Green Shoes, que recebeu de diversos concorrentes links com músicas. Mas de Stoubaugh, chegou a eles uma carta com a história de amor e a letra da música. “Doce Lorraine, gostaria que pudéssemos viver todos os bons momentos de novo”, diz a letra.
O estúdio que recebeu a canção resolveu fazer a melodia e gravar a faixa. O vídeo abaixo mostra a primeira vez que Stoubaugh ouviu a versão finalizada de “Sweet Lorraine”:

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Os benefícios da caminhada



sexta-feira, 14 de junho de 2013

A Lenda do Pico Cidrão





A LENDA DO BICHO CIDRÃO

O som é aterrador e toma conta do corpo e do espírito de quantos o ouvem, num misto de desassossego e angústia, num desejo de fugir e de ficar, numa ânsia indizível de despenhamento. Parece um uivo mas é também um grito, profundo e rouco que devia vir das entranhas da terra mas surge inesperado do alto da serra. São centenas de gargantas escancaradas e escarpadas gemendo alto uma dor qualquer que é natural, e por isso mesmo, sem tempo e sem fuga. (...)
O Pico Cidrão é uma serra quase inacessível ao homem. Habitam-no o vento e a águia. Constituído por rocha basáltica, negra e dura, é todo ele recoberto de cavernas abertas como bocas escancaradas.
Conta-se que há tempos habitou aquelas paisagens abruptas e quase inexpugnáveis um pastor. Esse homem tinha um cão que era o único e fiel amigo de muitas solidões. Habituado àquelas lonjuras feitas de escarpas, o cão tornara-se quase tão bom saltador quanto as cabras que guardava.



Um dia, recolhia o pastor o seu rebanho, o cão, que andava atrás de um animal extraviado, calculou mal o salto e despenhou-se no vácuo, resvalando de escarpa em escarpa. Rolou; rasgou-se nas lâminas de pedra num uivo de dor imensa e acabou sendo ele mesmo um pouco de cada rocha.
Como sempre ante o irremediável, o ser humano segue um de dois caminhos: ou se fecha num castelo inexpugnavelmente seco e silencioso, ou retribui à Natureza o golpe inexplicável e sempre tão aparentemente inútil que é a morte, num grito feroz de lágrimas.
E o pastor fez-se eco do uivo do cão:
- Que mãe és tu, que me rouba o irmão, o amigo!...
Tu, que tudo me tens negado, tu, vens tirar-me o companheiro da minha vereda!! Maldita sejas! Maldita... e só, para sempre! Ah! Antes o tivesse um dia oferecido ao Demo!...
O vento tomou conta do uivo e da maldição, e das palavras fez sibilações. Enquanto o pastor viveu, guardou-as nas cavernas do Pico, escondidas e secretas, onde só a águia penetrava para as limpar da poeira do tempo. Quando, por fim, o pastor se foi juntar ao companheiro de outrora, o vento ordenou à águia que soltasse o uivo e a maldição que num eterno jogo de escondidas habitam desde então as alturas do Pico Cidrão.
Dizem as gentes da região que aquele grituivo aterrorizante provém do ser híbrido e demoníaco que são os espíritos dos dois amigos, finalmente um só, o Bicho Cidrão.


THE LEGEND OF THE BEAST OF PICO CIDRÃO

The sound is terrifying and takes over the body and spirit of its hearers, a mixture of distress and anguish, a desire to escape and to stay in an unspeakable eagerness to fall. It looks like a howl but is also a cry, deep and hoarse that should come from the bowels of the earth but comes unexpectedly from the top of the mountain. Hundreds of throats are flung open and scarps moaning loudly a pain that is natural, and therefore has no time and no escape. (...)

Pico Cidrão is a mountain range almost inaccessible to man. In it Inhabits the wind and the eagle. Consisting of black and hard basaltic rock, it is all covered with caves open like gaping mouths.
It is said that long ago dwelt those abrupt and almost impenetrable landscapes one shepherd. This man had a dog that was the unique and faithful friend of many solitudes. Accustomed to those ​​far reaches made of scarps, the dog had become almost as good jumper as the goats that it guarded.



One day, as the shepherd picked up his flock, the dog, who was behind a stray animal, miscalculated the jump and crashed into the vacuum, slithering from scarp to scarp. It rolled and was tored up on the stone blades in a howl of immense pain and he ended up being a bit of each rock.
As always facing the hopeless, the human being follows one of two paths: either he closes into an invincible castle dry and silent, or returns to Nature the  inexplicable and ever so seemingly useless blow which is death, in a fierce cry of tears.
And the shepherd echoed the howl of the dog:
- What mother are you that robs me of my brother, my friend! ...
Thou hast denied me everything, you, came and took away the companion of my path! Damn you! Damn ... and only, forever! Ah! I would rather have offered it to the Devil! ...
The wind took hold of the howling and the curse, and of the words made a hiss. While the shepherd lived, he put it in the caves of the peak, hidden and secret, where only the eagle penetrated to clean them from the dust of time. When, finally, the pastor joined his old companion, the wind commanded the eagle to release the howl and the curse that, in an eternal game of hide and seek, inhabits since then the heights of Pico Cidrão.
They people of the region say that the terrifying hiss comes from a hybrid and demonic being, that is the spirits of the two friends finally combined into one, the Cidrão Beast.

in Lendas de Portugal, de Fernanda Frazão




sexta-feira, 31 de maio de 2013

Esculturas de cacos de vidro


A inspiração veio como resposta à tragédia: em 1992, o furacão Andrew atingiu Miami e a casa de Daniel Arsham se encheu de pedaços de vidro. O artista quis dar outro propósito à devastação e começou criando esculturas feitas inteiramente de vidro quebrado.
Testemunhando a força e a fúria da natureza, Arsham se inspirou para criar algo novo, dando outra energia aos vidros estilhaçados com a tempestade. 

Veja alguns exemplos:

ShatteredGlass1

ShatteredGlass2

ShatteredGlass3

ShatteredGlass4

ShatteredGlass5

ShatteredGlass6

ShatteredGlass7

ShatteredGlass8

ShatteredGlass9

ShatteredGlass10

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Como Nunca Desistir



quinta-feira, 7 de março de 2013

LEVADAS DA MADEIRA, UMA OBRA HERCÚLE



Singularidade que perpetua a tenacidade de um povo, as levadas da Madeira transformaram-se numa das principais atracções turísticas da ilha. Partamos à descoberta da Levada do Norte, com mais de 60 km de extensão.



Madeira, ano de 2010. Abre-se a torneira e um jacto de água irrompe. Não obstante se tratar de um recurso finito, a ilha da Madeira sempre foi pródiga em água. Os descobridores da ilha, no século dezasseis, logo descortinaram o potencial hídrico da “Pérola do Atlântico”, mas os tempos imediatos à descoberta da ilha revelaram as suas assimetrias. A norte, a água abundava, escasseando nas vertentes viradas a sul. A solução engendrada ainda hoje se reveste de importância primordial para o abastecimento das populações e irrigação dos solos. Se a romântica Veneza foi construída sobre um pântano, com os seus canais a nutrirem devaneios líricos intemporais, a viabilidade da Madeira como ilha habitável dependeu, também, dos cursos de água que desafiam e desbravam a sua orografia hostil. Falemos das levadas, legado da infinda astúcia e bravura humanas para a memória do Mundo.

A Levada do Norte é uma das mais emblemáticas. Com uma extensão que supera os 60 km, dividida em três troços, a importância da Levada do Norte foi, logo aquando da sua inauguração, reconhecida como obra estruturante para o desenvolvimento da Madeira. Em 1952, os mais altos dignitários do Estado Português deslocaram-se à Madeira para consagrar a abertura da Levada. Centenas de cidadãos apadrinharam os primeiros passos da água na Levada do Norte, percorrendo-a desde a Ribeira Brava até Câmara de Lobos, onde decorreu uma missa campal. Até então, e como comprovam relatos arrebatados da época, a Levada do Norte corporizava a mais complexa e morosa obra humana alguma vez realizada na Madeira…



Partimos à descoberta dos segredos ancestrais que acompanham os desfiles incessantes da água, pela Levada do Norte. O dia nasceu luminoso, bom augúrio para a odisseia que nos esperava. Com Mara Cardoso, guia-intérprete, como cicerone de uma (re)descoberta, iniciámos a caminhada no Cabo Girão, concelho de Câmara de Lobos, a sul da ilha. Os primeiros passos permitiram compreender a importância dos canais de irrigação para os poios – campos agrícolas - que abundam numa paisagem muito humanizada. Pouca água corria na levada. Mara Cardoso remeteu a explicação para uma fase posterior do percurso, com o sorriso intrigante de uma verdadeira guardiã de segredos. «Numa viagem, o itinerário pode estar definido, mas há sempre surpresas pelo caminho…», argumentou. Seguimos caminho, certos de que, algures, a água nos traria a chave que desvenda mistérios. Pouco tempo depois, encontrámos o primeiro túnel do percurso, passagem que nos permitiu chegar à freguesia da Quinta Grande, ainda no concelho de Câmara de Lobos. Apesar da beleza paisagística que nos esperava nos 8,5km de caminho até à zona da Boa Morte, no concelho vizinho da Ribeira Brava, optámos por arrepiar caminho e reencontrar a Levada do Norte na Encumeada, espécie de fronteira entre o Sul e o Norte da Madeira.

A opção de transitar, directamente, para a Encumeada obrigou-nos a renunciar à parcela mais ousada de um percurso que nos levaria até à Central da Serra de Água. Este troço guinda-se a amostra perfeita da luta dos madeirenses contra o monopólio do basalto, vincando a silhueta das escarpas abismais que se inclinam sobre o vale da Serra de Água. São inúmeros os túneis a transpor, antecâmaras de trilhos vertiginosos, esculpidos pela força dos braços de heróis anónimos. Um romântico poderá ver nas incontáveis quedas de água um tributo lacrimoso das serras a todos os que perderam a pelo que não é aconselhável para pessoas com menor mobilidade e agilidade.



Quando chegámos à Encumeada, a luminosidade do sol já havia sido encoberta pelo nevoeiro. A variedade climática da Madeira revelava-se, no seu máximo esplendor. 7 graus célsius, nevoeiro e alguma precipitação compunham o cenário. Num bar de apoio aos viandantes, alguns procuravam na poncha o antídoto para o frio. Recuperadas as forças, imergimos no último troço da Levada do Norte, intitulado Folhadal, no âmago da Floresta Laurissilva, Património Natural da Humanidade.

O nome desta derradeira etapa deriva da abundância de Folhados, uma das árvores distintivas da Laurissilva. A Levada do Norte culmina no Sítio das Ginjas, em São Vicente. Até alcançar a meta, o epílogo da odisseia permitiu encontrar a chave para segredos cuja revelação Mara Cardoso adiou. Continuava a correr pouca água na levada. Depois de algumas centenas de metros calcorreados, vislumbrámos uma comporta aberta. A nossa cicerone explicou que aquela é uma das tarefas dos “levadeiros”, homens responsáveis pela manutenção das levadas e gestão das suas águas. Um dos mistérios estava, assim, desvendado.

Mas muito mais havia para descobrir. Entre a Encumeada e o Sítio das Ginjas, com “escala” no Folhadal, a diversidade da Laurissilva prospera. Mara Cardoso identifica as plantas com a facilidade com que reconhece um rosto amigo. Acaricia-as como se as cumprimentasse desde a última visita. Urzes, uveiras da serra e giestas bordejam o caminho. Mara Cardoso exalta a importância destas plantas para a captação de água, mediante a condensação do nevoeiro. As gotículas enxameiam os pequenos galhos, despenhando-se nos levadas. «Um leigo não imagina a importância destas plantas para a abastecimento das levadas», afirma.

Incrustadas no basalto, musgos, líquenes e hepáticas adornam os corredores da água. «São as primeiras plantas a aparecer, após uma derrocada, já que preparam o solo com matéria orgânica para as árvores de grande porte. A sua presença, aqui, indicia a pureza do ar, uma vez que não sobrevivem em habitats poluídos», elucida. Adiante, divisa a Faia das Ilhas, exemplo de uma árvore robusta cujo florescimento depende do labor das pequenas plantas.

Mara Cardoso já havia alertado para a possibilidade de encontrarmos imprevistos no caminho, depois de um inverno agreste. Confirmou-se, já que o túnel que desemboca no Folhadal está em manutenção, tornando-se arriscado palmilhá-lo. Mas este seria, certamente, o culminar perfeito da jornada, sentindo a força da terra vencida pela obstinação dos homens.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Qual o vinho ideal?



WIne Pairing Chart | Visual.ly via Winefolly