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domingo, 8 de fevereiro de 2015

Não tenhas medo da luz acessa




Ela saiu da banheira repentinamente, de forma acrobática deu uma volta rápida de 180º e saiu a fazer um Moonwalk para que eu não pudesse olhar directamente para o seu bumbum. Num piscar de olhos, conseguiu esconder a sua parte mais linda atrás de um desnecessário roupão. Sim, eu sei que mesmo depois de alguns bons meses juntos, momentos bem passados, garrafas de vinho extintas e os nossos suores misturados, ela ainda tem vergonha de mim e, infelizmente, não consegue livrar-se do medo que tem de expor as suas características humanas aos meus olhos, não menos humanos.


Pois fica a saber que, muitas vezes, privas-me dos teus melhores ângulos como se eu fosse um crítico rasca de um programa de TV e, a qualquer momento, fosse tirar do bolso uma placa com a nota zero, para assim te humilhar e te fazer sair do palco a engolir o choro. Quero que saibas, de uma vez por todas, que eu sempre aplaudirei os teus passos ensaiados e que não deixarei de te amar nem um pouquinho, nas tantas vezes que ainda irás tropeçar e cair como qualquer pessoa faz. Pelo contrário, vou sempre levantar-te pelos pulsos e, quando isso não for possível, vou atirar-me ao chão junto contigo para rirmos da vida deitados no asfalto.

Porque gosto mesmo quando tu abandonas o guião e não percebes que estás com a pontinha do nariz suja de gelado. Adoro quando nos teletransportamos da discoteca diretamente para a cama e quando lá te deixo sem forças até para tirares a maquilhagem, pois no dia seguinte tu ficas linda a parecer uma panda de ressaca.

Quero que saibas agora, e não amanhã, o quanto eu te acho bonita mesmo quando fazes caretas.
Não tens ideia de como eu ficaria feliz se tu, pelo menos uma vez, relaxasses e soltasses a barriga enquanto comemos batatas fritas sentados em cima da cama. Eu não tenho nada contra as tuas dobrinhas e espero que tu também não temas a minha barriga nem as ausências ao ginásio.
É claro que te adoro ver dentro daquela camisa de dormir sexy, mas também quero que saibas o quanto adoro ver-te a vestir aquela camisola apertada e aqueles jeans antigos do tempo do colégio.
Adoraria que tu te esquecesses de pedir para apagar a luz e me permitisses devorar com os olhos cada cantinho teu – porque, afinal, se estou contigo agora, significa que é contigo que quero estar e que te acho linda do jeito que tu és.

E é óbvio que aquele teu salto alto me deixa louco só de olhar, mas peço que uses mais vezes aquelas sapatilhas vermelhas super confortáveis, e sabes porquê? Porque o teu bem-estar também me deixa excitado e porque adoro saber que na minha frente, em cima de mim, ao meu lado e comigo, tu te sentes realmente livre para ser humana e para te despires de verdade, não apenas as roupas, mas também essa desnecessária vontade de parecer perfeita.
Adaptado de: Entenda os Homens

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