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terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Introvert



Sometimes those who don't socialize much aren't actually anti-social.
They just have no tolerance for drama, stupidity, fake people and uninteresting subjects.






sexta-feira, 17 de novembro de 2017

“Navegue” Silvana Duboc

“Navegue”  Silvana Duboc



Navegue, descubra tesouros, mas não os tire do fundo do mar, o lugar deles é lá.
Admire a lua, sonhe com ela,  mas não queira trazê-la para a terra.
Curta o sol, se deixe acariciar por ele, mas lembre-se que o  seu calor é  para todos.
Sonhe com as estrelas, apenas sonhe, elas só podem brilhar  no céu.
Não tente deter o vento, ele precisa correr por toda parte, ele tem pressa de chegar sabe-se lá onde.
Não apare a chuva, ela quer cair e molhar muitos rostos,  não  pode molhar só o seu.
As lágrimas? Não as seque, elas precisam correr na minha, na sua, em todas as faces.
O sorriso! Esse você deve segurar, não deixe-o ir embora, agarre-o!
Quem você ama? Guarde dentro de um porta jóias, tranque, perca a chave!
Quem você ama é a maior jóia que você possui, a mais valiosa.

Não importa se a estação do ano muda, se o século vira e se o milênio é outro, se a idade aumenta;
conserve a vontade de viver, não se  chega à parte alguma sem ela.
Abra todas as janelas que encontrar e as portas também.
Persiga um sonho, mas não deixe ele viver sozinho.
Alimente sua alma com amor, cure suas feridas com carinho.
Descubra-se todos os dias, deixe-se levar pelas vontades, mas não enlouqueça por elas.
Procure, sempre procure o fim de uma história, seja ela qual  for.
Dê um sorriso para quem esqueceu como se faz isso.
Acelere seus pensamentos, mas não permita que eles te consumam.
Olhe para o lado, alguém precisa de você.
Abasteça seu coração de fé, não a perca nunca.
Mergulhe de cabeça nos seus desejos e satisfaça-os.
Agonize de dor por um amigo, só saia dessa agonia se conseguir tirá-lo também.
Procure os seus caminhos, mas não magoe ninguém nessa  procura.
Arrependa-se, volte atrás, peça perdão!
Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando  julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se  afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se achá-lo, segure-o!



“Circunda-te de rosas, ama, bebe e cala. O mais é nada”.
(Fernando Pessoa, Odes de Ricardo Reis)



O alerta de António Damásio para a bancarrota espiritual e moral das sociedades


O neurocientista tem um novo livro, A Estranha Ordem das Coisas – A Vida, os Sentimentos e as Culturas Humanas, que chega sexta-feira, 3 de Novembro, às livrarias portuguesas. 
Este é o excerto de um capítulo intitulado “A crise”.

Foto RUI GAUDÊNCIO

Junto à margem do mar da Galileia, numa manhã de Inverno cheia de sol, a poucos passos da sinagoga de Cafarnaum onde Jesus de Nazaré falou aos seus seguidores, penso nos problemas longínquos do Império Romano mas sobretudo na crise actual da condição humana. É uma crise curiosa, pois embora as condições locais sejam distintas em cada ponto do mundo onde ocorre, as respostas que a definem são semelhantes, marcadas pela zanga, fúria e confronto violento, a par de apelos ao isolamento dos países e de uma preferência por governação autocrática.

Mas a crise é sobretudo decepcionante, pois não devia de todo estar a acontecer. Seria de esperar que pelo menos as sociedades mais avançadas tivessem ficado imunizadas pelos horrores da Segunda Guerra Mundial e pelas ameaças da Guerra Fria, e que tivessem encontrado maneiras de ultrapassar, de modo gradual e pacífico, quaisquer dos problemas que as culturas complexas necessariamente enfrentam. Pensando bem, deveríamos ter sido menos complacentes.
Parte das sociedades que celebram a ciência e a tecnologia modernas, e que mais lucram com elas, parece estar numa situação de bancarrota “espiritual”, tanto no sentido secular como religioso do termo. A julgar pela aceitação despreocupada das crises financeiras problemáticas – a bolha da Internet de 2000, os abusos hipotecários de 2007 e o colapso bancário de 2008 – parecem igualmente estar numa situação de bancarrota moral.

Os tempos em que vivemos poderiam ser a melhor das épocas para se estar vivo, porque estamos rodeados por descobertas científicas espectaculares e por um brilho técnico que tornam a vida cada vez mais confortável e conveniente; porque a quantidade de conhecimentos disponível e a facilidade de acesso a esses conhecimentos nunca foram tão elevadas, acontecendo o mesmo em relação à interligação humana a uma escala planetária, como se prova pelas viagens, pela comunicação electrónica e pelos acordos internacionais sobre todos os tipos de cooperação científica, artística e comercial; porque a capacidade de diagnóstico, gestão e até cura de doenças continua a aumentar e a longevidade continua a prolongar-se de tal forma que se espera que os seres humanos nascidos após o ano 2000 possam viver, e bem, segundo se espera, até uma média de 100 anos. Em breve seremos conduzidos por veículos robotizados que nos poupam esforço e vidas, pois, a certa altura, deveremos ter menos acidentes fatais.

No entanto, para considerar os nossos dias como sendo os melhores de sempre seria preciso que estivéssemos muito distraídos, já para não dizer indiferentes ao drama dos restantes seres humanos que vivem na miséria. Embora a literacia científica e técnica nunca tenha estado tão desenvolvida, o público dedica muito pouco tempo à leitura de romances ou de poesia, que continuam a ser a forma mais garantida e recompensadora de penetrar na comédia e no drama da existência, e de ter oportunidade de reflectir sobre aquilo que somos ou que podemos vir a ser. Ao que parece, não há tempo a perder com a questão pouco lucrativa de, pura e simplesmente, “ser”. Parte das sociedades que celebram a ciência e a tecnologia modernas, e que mais lucram com elas, parece estar numa situação de bancarrota “espiritual”, tanto no sentido secular como religioso do termo. A julgar pela aceitação despreocupada das crises financeiras problemáticas – a bolha da Internet de 2000, os abusos hipotecários de 2007 e o colapso bancário de 2008 – parecem igualmente estar numa situação de bancarrota moral. Curiosamente, ou talvez não tanto, o nível de felicidade nas sociedades que mais beneficiaram com os espantosos progressos do nosso tempo mantém-se estável ou em declínio, caso possamos confiar nas respectivas avaliações.


Ao longo das últimas quatro ou cinco décadas, o grande público das sociedades mais avançadas aceitou, com pouca ou nenhuma resistência, o tratamento cada vez mais deformado das notícias e das questões públicas concebidas para se enquadrarem no modelo de entretenimento da televisão e da rádio comerciais. As sociedades menos avançadas não têm demorado a imitar essa atitude. A conversão de quase todos os “media” de interesse público ao modelo lucrativo de negócios veio reduzir ainda mais a qualidade da informação. Embora uma sociedade viável deva preocupar-se com a forma como o Governo promove o bem-estar dos cidadãos, a noção de que se deve proceder a uma pausa diária de alguns minutos e fazer um esforço para se ficar a par das dificuldades e dos êxitos dos governos e dos cidadãos não só se tornou antiquada, como quase desapareceu. Quanto à noção de que devemos aprender algo sobre essas questões com seriedade e respeito, ela é, hoje em dia, um conceito estranho. A rádio e a televisão transformam cada questão governativa numa “história”, com a “forma” e o valor de entretenimento dessa história a contarem mais do que o seu conteúdo factual. Quando, em 1985, Neil Postman escreveu o seu livro Amusing Ourselves to Death: Public Discourse in the Age of Show Business, ele fez um diagnóstico correcto, mas nem sonhava que sofreríamos tanto antes de morrer. O problema agravou-se com a redução de fundos para a educação pública e com o declínio previsível da preparação de cidadãos, e, no caso dos Estados Unidos, piorou com o repúdio, em 1987, da Fairness Doctrine, que desde 1949 requeria um tratamento equilibrado dos comentários políticos. O resultado, intensificado pelo declínio dos jornais impressos e pela ascensão e domínio quase absoluto por parte da comunicação digital e da televisão, é a carência profunda de conhecimentos pormenorizados e não-partidários dos assuntos públicos, a par do abandono gradual das práticas da reflexão ponderada e do discernimento sobre os factos. É preciso ter o cuidado de não exagerar a nostalgia por um tempo que nunca existiu por completo. Nem todo o público estaria seriamente informado, reflexivo e exigente. Nem todos os cidadãos tinham reverência pela verdade e pela nobreza de espírito, já para não falar de reverência pela vida. Não obstante, o presente colapso da consciência pública séria é problemático. As sociedades humanas encontram-se previsivelmente fragmentadas segundo uma variedade de medidas, como literacia, nível de habilitações, comportamento cívico, aspirações espirituais, liberdade de expressão, acesso à justiça, estatuto económico, saúde e segurança ambiental. Dadas as circunstâncias, torna-se mais difícil do que jamais foi encorajar o público a promover e a defender uma lista de valores, direitos e obrigações que não sejam negociáveis.

Dado o espantoso progresso dos novos media, o público tem a oportunidade de ficar a saber com mais pormenores do que nunca os factos por detrás das economias, o estado dos governos locais e globais, e o estado das sociedades em que vive, algo que, sem qualquer dúvida, se trata de uma vantagem que confere poder real; para além disso, a Internet fornece meios de deliberação fora das tradicionais instituições comerciais ou governamentais, outra vantagem potencial. Por outro lado, em geral, o público não dispõe nem de tempo nem de método para converter as quantidades imensas de informação em conclusões razoáveis e de uso prático. Além disso, as empresas que geram a distribuição e a agregação de informação ajudam o público de forma dúbia: o fluxo de informação é orientado por algoritmos da empresa que, por sua vez, influenciam a apresentação, de modo a adequar-se a uma variedade de interesses financeiros, políticos e sociais, a par do gosto dos utilizadores, para que estes possam continuar fechados no silo de opiniões que os entretêm.

O novo mundo da comunicação é uma bênção para os cidadãos treinados a pensar de forma crítica e informada sobre a História. Mas qual a sorte dos cidadãos que foram seduzidos por um modelo de vida como diversão e comércio? Em grande medida, foram formados por um mundo em que a provocação emocional negativa é a regra e não a excepção, e onde as melhores soluções para um problema passam, em primeiro lugar, por interesses próprios e de curto prazo. Poderemos censurá-los?Reconheça-se, a bem da verdade, que as vozes sábias do passado – as vozes dos experientes e judiciosos editores de jornais, de programas de televisão e de rádio – não eram completamente imparciais, favorecendo visões específicas quanto ao funcionamento das sociedades. Todavia, na maior parte dos casos, essas visões concretas identificavam-se com perspectivas filosóficas ou sociopolíticas específicas, às quais cada um podia resistir ou apoiar. Hoje em dia, o grande público não tem essa oportunidade. Cada um de nós tem acesso directo ao mundo através do seu dispositivo portátil, e é encorajado a maximizar a sua autonomia. Não há grande incentivo para debater, e muito menos aceitar opiniões divergentes.

A disponibilidade generalizada de comunicação abundante e quase instantânea de informação pública e pessoal, um óbvio benefício, reduz, paradoxalmente, o tempo necessário para a reflexão sobre essa mesma informação. A gestão do fluxo de conhecimento disponível obriga, frequentemente, a uma rápida classificação de factos como sendo bons ou maus, agradáveis ou não. Isto contribui, porventura, para um aumento de opiniões polarizadas quanto a acontecimentos sociais e políticos. A exaustão provocada pelo excesso de factos recomenda uma fuga para as crenças e as opiniões pré-definidas, em geral as do grupo a que o indivíduo pertence. Isto agrava-se pelo facto de tendermos naturalmente a resistir à mudança de opinião, pese embora a disponibilidade de provas em contrário, e por mais inteligentes e informados que sejamos.

Foto RUI GAUDÊNCIO

Trabalhos realizados pelo nosso instituto [Instituto do Cérebro e da Criatividade na Universidade da Califórnia do Sul, EUA] mostram que isso é verdade em relação a crenças políticas, mas imagino que também se aplique a uma grande variedade de crenças, desde a religião e a justiça à estética. O nosso trabalho mostra que a resistência à mudança está associada à relação conflituosa entre sistemas cerebrais relacionados com a emotividade e a razão. A resistência à mudança está associada, por exemplo, à activação de sistemas responsáveis pela produção de zanga e fúria. Criamos uma espécie de refúgio natural para nos defendermos contra a informação contraditória. Por todo o mundo os eleitores descontentes recusam-se a comparecer nas urnas. Com tal clima, a disseminação de notícias falsas e de pós-verdades fica facilitada. O mundo distópico que George Orwell em tempos descreveu, tendo a União Soviética como modelo, corresponde agora a uma situação sociopolítica diferente. A velocidade das comunicações e a resultante aceleração do ritmo de vida são igualmente possíveis contribuidores para o declínio da civilidade, identificável na impaciência do discurso público e na crescente grosseria da vida urbana.

Uma questão separada, mas importante, que continua a ser menosprezada é a natureza viciante dos media electrónicos, desde as simples comunicações poremail às redes sociais. O vício desvia tempo e atenção da experiência imediata do ambiente que nos rodeia para uma experiência mediada por uma grande variedade de dispositivos electrónicos. O vício aumenta o desenquadramento entre o volume de informação e o tempo necessário para a processar.

Nota-se uma tensão crescente entre o poder de um público vasto que parece mais bem informado do que nunca, mas que não dispõe do tempo ou dos instrumentos para julgar e interpretar a informação, e o poder das empresas e dos governos que controlam a informação e sabem tudo o que há para saber acerca desse mesmo público. Como sanar o conflito resultante? Há também riscos notáveis a considerar. A possibilidade de conflitos catastróficos que envolvam armas nucleares e biológicas representam riscos reais e possivelmente mais elevados agora do que quando essas armas eram controladas pelas potências da Guerra Fria; os riscos do terrorismo e o novo risco da guerra cibernética também são reais, bem como o risco das infecções resistentes a antibióticos. Podemos culpar a modernidade, a globalização, a desigualdade da riqueza, o desemprego, a educação a menos, o entretenimento a mais, a diversidade, e a rapidez e ubiquidade radicalmente paralisantes das comunicações digitais, mas atribuir culpas não reduz os riscos, de imediato, nem resolve o problema das sociedades ingovernáveis, sejam quais forem as causas.A quebra de privacidade que acompanha o uso universal da Web e das redes sociais garante a monitorização de cada gesto e ideia humana. Todos os tipos de vigilância, desde a necessária por motivos de segurança pública até àquela que é intrusiva e mesmo abusiva, são agora uma realidade, praticados, tanto pelo Governo como pelo sector privado, com total impunidade. A vigilância faz com que a espionagem, até mesmo a espionagem das superpotências, uma actividade estabelecida que nos acompanha desde há milénios, pareça honrada e infantil. Até encontramos vigilância à venda, por lucros elevados, pela mão de uma série de empresas tecnológicas. O acesso ilimitado à informação privada está a ser usado para criar escândalos embaraçosos, mesmo que o tema da vigilância não seja de natureza criminosa. O resultado é o silêncio dos candidatos políticos, para que eles e as suas campanhas políticas não sejam destruídos por revelações pessoais. Isso tornou-se um factor importante na governação pública. Em sectores vastos das regiões mais tecnologicamente avançadas do mundo há escândalos de todas as dimensões que influenciam resultados eleitorais e fortalecem a desconfiança do público em relação às instituições políticas e às elites profissionais. Sociedades que já se debatiam com grandes problemas de desigualdade de riqueza e de deslocações humanas devido ao desemprego e às guerras tornaram-se quase ingovernáveis. Os eleitorados desorientados recordam com nostalgia passados há muito desaparecidos e miticamente melhores, ou, como alternativa, revelam uma revolta profunda. A nostalgia, no entanto, é deslocada, e a fúria, em geral, é mal dirigida. Tais reacções reflectem uma compreensão limitada da miríade de factos apresentados pelos vários órgãos de comunicação social, factos concebidos sobretudo para entreter, promover determinados interesses sociais, políticos e comerciais, e obter grandes recompensas financeiras com isso.


Fonte: 
www.publico.pt/2017/11/02/ciencia/prepublicacao/o-alerta-de-antonio-damasio-para-a-bancarrota-espiritual-e-moral-das-sociedades-1791125

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

A ORIGEM DO TERMO "BICA"

A ORIGEM DO TERMO "BICA"

   

Não existe um consenso relativamente à origem da palavra “bica”, normalmente utilizada para designar uma chávena de café em muitas zonas do país, especialmente em Lisboa. Uma das versões refere que, quando surgiram em Portugal as primeiras máquinas de café expresso, os frequentadores dos estabelecimentos não estavam habituados ao seu sabor forte e amargo. Como consequência, este tipo de café não era muito pedido. Como forma de contornar este problema, foram colocados cartazes nos estabelecimentos com o slogan “Beba isto com açúcar”. A campanha resultou e, das iniciais de cada palavra (BICA) nasceu a designação para esta bebida. Há quem refira que tudo isto se passou no mítico café A Brasileira do Chiado, sendo da iniciativa da gerência a criação do slogan com o objectivo de promover o consumo da bebida de uma forma agradável para os seus clientes. 


Antes de passarmos à segunda versão para a origem da palavra “bica” vamos recuar um pouco no tempo no que se refere à preparação da bebida. Inicialmente, o café era preparado numa cafeteira com água a ferver, onde se dissolvia o café moído ou a cevada (o chamado café de cevada). Chamava-se a esta bebida “café de borras”, devido às amargas e incómodas borras que se formavam a partir do café não dissolvido. Para contornar esta situação surgiram “sacos” porosos cuja função era coar o café. Ainda hoje há quem prefira o chamado “café de saco”, recorrendo a filtros comprados em qualquer estabelecimento comercial e a máquinas modernas. Mais tarde surgiram umas máquinas de forma cilíndrica onde o café moído era dissolvido, coado e pressionado, sendo depois vertido para as chávenas, ou para os tradicionais copos de vidro grosso, através de uma torneira (bica). Após esta pequena explicação, podemos então passar à segunda versão para a origem da “bica” e que tem como principal palco um dos mais míticos cafés alfacinhas. 



 A Brasileira do Chiado abriu as suas portas ao público a 19 de Novembro de 1905, vendendo o “genuíno café do Brasil”. Adriano Telles, seu fundador, vivera bastante tempo no Brasil, mantendo aí contactos que lhe permitiam importar café e outros produtos sem dificuldade. Três anos depois, o sucesso do estabelecimento levou a que se construísse uma Sala de Café, novidade na época e que rapidamente se tornou local de encontro obrigatório da elite da cidade de Lisboa. Advogados, médicos, jornalistas, artistas (entre eles Fernando Pessoa e Almada Negreiros), revolucionários e estudantes ali se juntavam para beber café e conversar. A partir de 1920, dizia-se inclusive que no Porto e em Coimbra se trabalhava e estudava e que em Lisboa se conversava e faziam revoluções. Nesse início de século não existiam ainda as máquinas de café expresso, sendo o café passado por sacos e vertido por uma torneirinha (bica) para cafeteiras utilizadas para servir o café à mesa. Nestas cafeteiras o café acabava invariavelmente por arrefecer e perder o seu aroma. Conta-se que um dia alguns clientes reclamaram da qualidade do café, sendo necessária a intervenção do proprietário que pediu a um empregado para encher uma chávena directamente da bica, ou seja, do saco. Com um sabor e aroma mais intensos, os clientes adoraram a bebida passando a pedir que o seu café fosse trazido directamente da bica numa chávena. Nasceu assim o termo “bica”.