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terça-feira, 29 de outubro de 2013

Aluvião 29 de Outubro de 1993

29 de Outubro de 1993


Funchal Notícias
No Funchal, o udómetro localizado no Observatório Meteorológico registou uma precipitação de 88,9 mm, entre as 09 horas do dia 28 e as 09 horas do dia 29. Choveu ao longo de todo dia 28, mas foi entre as 21 e as 03 horas que se observou a grande descarga. Num período de 6 horas choveu 66,4 litros por m2, dos quais 29,8 entre as 02 e as 03 horas.No Curral das Freiras, localizado na bacia de recepção da ribeira dos Socorridos,choveu 210 litros / m2. O udógrafo do Instituto de Gestão da Água registou 37 mm entre as 01 e as 02 horas, atingindo o pico de precipitação entre as 02 e as 03 horas com 38,8 mm.Com o aumento da altitude o valor da precipitação foi crescendo:- Funchal (altitude: 58 m) – 88,9 mm- Trapiche (altitude: 500 m) – 104,5 mm- Santo da Serra (altitude: 660 m) – 163,8 mm- Curral das Freiras (Poiso – altitude: 750 m) – 210 mm. As chuvas intensas na noite de 28 para 29 fizeram transbordar as três ribeiras que atravessam o Funchal (João Gomes, Santa Luzia e São João) e a ribeira dos Socorridos, no limite oeste do concelho.

Com as embocaduras estranguladas pela Avenida do Mar, as ribeiras de Santa Luzia e João Gomes invadiram a Praça da Autonomia e a marginal, na madrugada de 29 de outubro de 1993.

Uma pluma castanha ocupou toda a baía e estendeu-se muito para além da costa. A baixa citadina ficou coberta de lama, pedras e lenha. Vários armazéns destruídos, lojas comerciais arrasadas, estradas rebentadas, falta de água potável durante quinze dias, uma escola destruída, 9 embarcações inutilizadas, muitos carros (220) tragados pelas águas que saltaram as muralhas das ribeiras, 200 desalojados e cerca de 30 feridos. Entre mortos e desaparecidos contam-se 9, um dos quais na ribeira dos Socorridos.  Alguns corpos não seriam recuperados.

Os concelhos de Câmara de Lobos, Santa Cruz e Machico também foram bastante afectados pelo temporal, mas não se registaram mortes.

Avenida do Mar, 29 de Outubro de 1993:

(Foto: José Lemos)

(Foto: José Lemos)



(Foto: José Lemos)


(Foto: José Lemos)


Artigo do DN de 2018: Artigo

Segundo o Geógrafo Raimundo Quintal:

"A Região caracteriza-se por ter períodos de “chuva torrencial” que potenciam as “cheias repentinas”, cujos resultados a ilha já conheceu no seu longo historial. A cheia de 1993 trata-se, apenas, do mais recente motivo de lamento.
Num estudo que fiz sobre os aluviões (desde o sec. XVI até à actualidade), verifiquei a ocorrência de 31 casos graves. Dez deles aconteceram em Outubro, mas o período em que há probabilidade de acontecerem estes fenómenos vão desde Setembro a Março."