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segunda-feira, 1 de março de 2010

Poncha, Nikita, pé-de-cabra...

Que diferença existe entre poncha, nikita

e pé-de-cabra? Entre lume e labareda,

estrela e nebulosa, mar e maresia?

Tudo isso é para beber em transe:

em copos de deslumbre, em cálices

de amizade, em taças de euforia.



Bebo nikita como quem bebe leite

pelos úberes, fulvos, de um animal mais quente.

Bebo pé-de-cabra como quem sorve o dia

desfraldado em sol, em colorida bandeira.

E bebo poncha como num prado velido

beijando a eternidade ou o pé de uma donzela.



Bebo poncha (e nikita e pé-de-cabra)

no desarmado gesto de quem corre

pelas pastagens do fulgor e da luz

ou por um céu excessivo, portentoso,

ou por uma praia límpida, extensíssima,

sem nada que a conscurpe ou perturbe.



Bebo - por vezes com assomos de uma jovial

e trémula confusão - péde-cabra e poncha,

poncha e nikita, nikita e pé-de-cabra.

Isto é, já em voo rasante às nuvens

e à brisa, aos arvoredos, pétalas e navios,

seguindo bem na pista de uma águia

em busca do seu poiso e dos irmãos.



Bebo - e porque não havia de beber

nestas margens amenas, atlânticas,

minha raiz de fogo, azul e brumas? -

nikita, poncha e pé-de-cabra

com o gosto de quem sobe altos rochedos

ou diz um estranho adeus ao fundo

das ravinas.



Bebo poncha e nikita - enquanto

não me servem, prestantes, outro pé-de-cabra,

enquanto Glenn Miller toma, noutra mesa,

o seu licor de mel, o seu mais destro

e compassado líquido

de revolver os sonhos e as emoções:

as vozes e os olhares sentimentais

de imagens tão presentes, tão outrora.



Bebo pé-de-cabra. E poncha. E nikita.

Bebo com os amigos-conterrâneos bem à vista,

cicerones das luas mais incríveis. Bebo

quase a noite ou o resto dos dias

que são berços de afecto, cordas divididas

entre ficar-partir, frementes asas

de uma saudade já, de despedida.



Bebo. E rebebo. E sou um trevo

a beber - meus senhores - copos de vida.

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