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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Escócia - The best of Scotland

Escócia




Terra mágica, dos castelos aos lagos, da natureza ao mistério da vida selvagem nos parques naturais.

Quando ir?

Há maiores probabilidades de estar bom tempo nos meses de maio, junho e setembro. A época alta decorre em julho e agosto, as temperaturas são boas, mas podem ser meses um pouco chuvosos. Nos meses de inverno os dias são mais curtos, o pôr do sol acontece pelas 16h.
É importante levar impermeável e guarda chuva.

Na cidade de Edimburgo em agosto decorre o famoso festival Fringe, um festival de artes com artistas de todo o mundo. É possível assistir a imensas actuações de rua fascinantes ao longo da rua mais famosa de Edimburgo, a Royal Mile.

Nó viajamos em agosto, através da companhia aérea Jet2, uma lowcost que faz 1 voo semanal direto desde o Funchal para Edimburgo com a duração de 4 horas. 

Fizemos um roteiro de 13 dias pela Escócia, desde Edimburgo às Terras Altas. Alugamos carro, todas as viagens entre cidades foram sempre muito interessantes e nada cansativas, pois as paisagens davam sempre motivos para sorrir além de nos proporcionarem pequenas paragens muito agradáveis.



Edimburgo - 4 dias 

Chegamos ao aeroporto pelas 23h, utilizamos o metro para nos deslocarmos até ao centro da cidade, Ficamos hospedados a 20 minutos do centro através do Booking. Existem atracções ao longo de toda a cidade, a caminhada diária era sempre interessante e apaixonante.
Há um bilhete que combina várias entradas a diferentes atracções, o Historic Scotland Explorer Pass, que para nós não compensava para o que planeamos ver.
(https://www.historicenvironment.scot/visit-a-place/explorer-passes/)

1º dia - Edimburgo

Percorremos toda a Royal Mile, aproximadamente 1,8km, desde o Castelo de Edimburgo até ao Palácio de Holyroodhouse, residência oficial da Rainha quando se desloca à Escócia.
Ao longo de toda a rua desfrutamos de diversas actuações de rua, enquadradas no cenário encantador da cidade. São vários os cantinhos de interesse que nos fizeram parar para tirar várias fotos.
Não entramos no palácio da Rainha, apenas tiramos fotos do exterior e seguimos para uma agradável caminhada ao longo do Holyrood Park logo ao lado do palácio.
Este leva-nos a um ponto mais elevado e uma perspectiva de vista muito bonita sobre a cidade.


                                                                           

2º dia - Edimburgo

Visitamos o Castelo de Edimburgo, é importante chegar cedo e para evitar a fila de compra do bilhete compramos online no site oficial do Castelo (https://www.edinburghcastle.scot/visit/tickets-prices).
Ao entrar no Castelo deixo já a sugestão de irem logo visitar as jóias da Rainha, mais tarde torna-se difícil pois acumula muita gente com o mesmo propósito.

Descemos até ao Jardim Princes Street, ao seu redor têm alguns museus de artes com entrada gratuita. Tem também ali perto a George Street, para quem quiser fazer compras.

Visitamos o Monumento a Scott, a entrada custa 5£, são 287 degraus até ao topo, o esforço valerá a pena pois a vista para o centro da cidade é deslumbrante.

Subimos até Calton Hill que também tem uma vista maravilhosa para a cidade.

Castelo de Edimburgo

Momento a Scott

Calton Hill


3º dia - Edimburgo

Deixamos os museus e monumentos e fomos visitar o Jardim Botânico, a entrada é gratuita. Para ver as estufas são 5,50 £. É um bonito espaço que vale a pena sem dúvida. Fomos de Uber até lá. 

De saída do Jardim fomos até a uma antiga vila, a Dean Village, percorremos as suas ruelas encantadoras.

Jardim Botânico

Dean Village




4º dia - Edimburgo


Fomos ao Museu Nacional da Escócia, a entrada é gratuita e está aberto entre as 10h e as 17h. É uma viagem fantástica pela história da Escócia em diferentes épocas e até aos dias de hoje. Estivemos lá dentro aproximadamente 5 horas sem que nos apercebêssemos do tempo passar.


À saída do Museu encontramos a icónica estátua do pequeno cão Greyfriars Bobby, erguida em homenagem ao canino que guardou o túmulo do seu dono durante 14 anos, até ao dia da sua morte.
Ali perto também é possível visitar a escola George Heriot, que serviu de inspiração ao filme Harry Potter.






5º dia - Edimburgo - Fort William

Alugamos carro e nos deslocamos de Edimburgo até Fort William, uma viagem de 3h (via A82 - Stirling, Glencoe)
Aqui começa o nosso vislumbre, as paisagens encantadoras banhadas de verde e com diversas cascatas ao longo de toda a viagem.

Glencoe

The Meeting of the Three Waters

Grey Mares Waterfall



6º dia - Fort William

Em Fort William há uma atracção imperdível, o Jacobite Steam Train, um ilustre comboio que serviu de inspiração ao Hogwarts Express do filme Harry Potter.
Este, percorre o trajeto entre Mallaig e Fort William (ou vice-versa) que tem 66 km em cerca de 2 horas, atravessa diversos rios, lagos, vales, viadutos, montanhas, um verdadeiro fascínio .
O ponto alto é quando ele atravessa o Viaduto de Glenfinnan, é possível caminhar até lá perto e esperar por ele passar para fotografar o belíssimo momento.
Para mais informações sobre os preços e viagens do comboio consultar o site (https://www.westcoastrailways.co.uk/jacobite/Seats-Available-Jacobite.cfm)



Fomos ver algumas cascatas magníficas, as Lower Falls que ficam mesmo à beira da estrada e as Steall Falls que exigem uma caminhada de aproximadamente 4h (ida e volta), num total de 7 km, com um desnível de 220 m.





No regresso a Fort William fizemos um pequeno desvio para percorrer a estrada à beira do Lago Linnhe e observar o bonito cenário que o envolve.

                                  

7º dia - Fort William - Ilha Skye

Viajamos de Fort William até à Ilha de Skye, numa viagem de 3h. Alugamos uma caravana e passamos lá dois dias, tivemos uma experiência incrível de contacto com a natureza.

Fomos até ao The Quiraing e desfrutamos de uma bela caminhada, de regresso visitamos a cascata RHA e o Fairy Glen para observar o pôr do sol.


The Quiraing

RHA Waterfall

Fairy Glen


8º dia - Ilha de Skye

Visitamos as majestosas cascatas Mealt e Lealt.
O dia estava chuvoso e com nevoeiro, pouco convidativo a passeios por isso a caminhada ao Old Man of Storr, que se trata duma formação geológica interessante foi infrutífera, mas com melhores condições atmosféricas é um sítio a não perder.
Rumamos às Fairy Pools, uma caminhada fácil em direção a várias bonitas cascatas.

The Kilt Rock and Mealt Falls
                                                
                                          
Lealt Falls
                                              

Old Man of Storr
                                              
                                              
Fairy Pools
                                              


9º dia - Ilha de Skye - Inverness

Saímos da ilha de Skye rumo a Inverness, numa viagem de 3h30. Passamos pelo famoso Castelo de Eilean Donan, passamos pelo Loch Ness e na chegada a Inverness andamos pela Vila.


Eilean Donan

Heilan Coo

Urquhart Castle - Lock Ness

Inverness


10º dia - Inverness

Andamos pelo Parque Nacional Cairngorms, fomos por Carrbridge, onde podemos visitar uma das pontes mais fotogénicas do país.



Para os aventureiros aqui nesta vila tem o parque "Landmark Forest Adventure Park" que é muito popular e recomendado para actividades na floresta.
Fomos até ao Lago Morlich e subimos até à montanha de Cairngorm.
Aqui existe a possibilidade de subir de teleférico até perto do topo (13,90£).

Lago Morlich

Cairngorm



Terminamos com um passeio no Loch an Eilein (Lago da Ilha). Um lago com uma pequena ilha com ruínas de um castelo, com vários trilhos à sua volta onde podemos explorar a floresta Rothiemurchus.

Loch an Eilein



11º dia - Inverness - Stirling

Saímos de Inverness em direção a Stirling, 2h45 em estrada. A caminho visitamos a cascata Black Spout em Pitlochry e fomos visitar a Destilaria Famous Grouse.
Chegados a Stirling, andamos pela zona velha da cidade e visitamos o Castelo.

Black Spout

Stirling Castle

Stirling



12 º dia - Stirling

Fizemos duas caminhadas, para ver as Bracklinn Falls em Callander e o Devil's Pulpit at Finnich Glen.
Bracklinn Falls
                                                   

Devil's Pulpit


Até já!

Muito mais ficou para ver tanto nos locais visitados como noutros que ficaram por visitar. 
Um país que enche o olho aos amantes de natureza com inúmeros e variados pontos de interesse.
Até já Escócia!

terça-feira, 20 de novembro de 2018

Fazer o dinheiro algo menos real muda o seu comportamento?

Abstração Financeira 
Fazer o dinheiro algo menos real muda o seu comportamento?













Hoje em dia, quão real é o dinheiro no seu mundo?
A interação das crianças com o dinheiro é muito reveladora. Observe de que forma eles jogam e discutem assuntos relacionados com dinheiro. De uma forma geral, as crianças pensam no dinheiro como um recurso ilimitado. Apenas existe, é abundante e pode ser gasto como e quando quisermos. 

O dinheiro é uma ilusão, mas com consequências muito reais para quem se envolve com ele. 

À medida que o dinheiro se torna cada vez mais digital, essa ilusão e visão abstrata do dinheiro torna-se ainda mais complexa.
Agora vem a parte ainda mais preocupante... essa ilusão não existe apenas nas crianças, mas também está dominando a vida de muitos adultos e com consequências desastrosas.
Mergulhando mais um pouco sobre o assunto surge o termo de Abstração Financeira.

O dinheiro torna-se cada vez menos real, mudando a forma como interagimos com ele regularmente.

Isto pode causar uma desconexão entre a quantidade de dinheiro que temos e a quantia que gastamos porque usamos itens como cartões de crédito e aplicativos para smartphones para comprar itens. 
A evolução tecnologica é algo positivo mas é por vezes alarmante a facilidade com que podemos gastar dinheiro. A evidência está ao nosso redor. A maioria dos cartões bancários é agora contactless e as crianças precisam apenas clicar em um botão enquanto jogam, a fim de comprar todos os tipos de bens virtuais.

Os gastos com cartão de crédito estão em alta.

Estudos recentes e uma análise aos títulos dos jornais económicos mostram claramente um aumento da dívida pessoal. Às dívidas existentes muitos planeam assumir dívidas adicionais - na forma de cartões de crédito, financiamento de empréstimos e hipotecas. Existem pessoas que aceitam dívidas astronómicas para comprar casas no centro das grandes cidades, mesmo sabendo que não precisam morar mesmo no centro. 
Um exemplo ligeiramente diferente foi a recente onda de compra de criptomoedas. Muitos desconectaram-se do trabalho duro que tiveram para ganhar o seu dinheiro e, em vez disso, foram levados a gastar dinheiro em alguns clique de um botão com base em promoções exageradas e infundadas de um produto de elevado risco.

O intrigante é: se o dinheiro fosse mais real, as pessoas agiriam de forma diferente? Seriam mais conservadores com os gastos?

Este fenómeno é semelhante ao que acontece quando as pessoas herdam dinheiro ao invés de construir riqueza. É muito mais provável que tenhamos uma gestão mais despreocupadada com uma herança do que com o nosso próprio dinheiro que nos custou a ganhar.

Assista a esta palestra do TED por Adam Carroll sobre a abstração financeira:



Qual é a importância de tudo isto?

A um nível pessoal, tenho medo de que os nossos filhos cresçam com uma má relação com o dinheiro não sabendo como dominá-lo.
As crianças de hoje inevitavelmente serão os decisores de amanhã.
Estás preparado para transmitir a tua sabedoria adquirida sobre o dinheiro num mundo cada vez mais digital?
Consegues ver o que poderá acontecer se não começarmos a fazer algo sobre isso hoje?
Usando o acrônimo REAL, abaixo estão 4 maneiras pelas quais podemos começar a ganhar dinheiro real em nossas vidas e na dos nossos filhos.


1. Relevante

Torne os gastos relevantes para o mundo em que seus filhos vivem.
Envolva-os na compra de uniformes escolares, fazendo compras no supermercado, etc.
Isso ajuda a reduzir a visão já abstrata do dinheiro que as crianças criaram por padrão.

2. Envolvimento

O diálogo é muito importante entre adultos e crianças.
Poderá dar algum trabalho mas é importante conversar sobre dinheiro e sobre a sua proveniência. 
Pesquisas mostram que envolver-se em experiências positivas de dinheiro com crianças pode levar a um maior sucesso financeiro no futuro, quando elas crescerem.
A chave é começar essas experiências cedo e torná-las tão frequentes quanto possível.

3. Autêntico

Mantenha as coisas autênticas e reais.
Dado que algo como 4% de todo o dinheiro do mundo está em dinheiro real e moedas, às vezes ajuda a trazer parte desse dinheiro para a realidade antes de gastar.
Se você precisar pagar por algo, utilize o dinheiro de vez em quando e veja como isso muda o seu comportamento ou do seu filho em relação a uma despesa.

4. Lições

Crie um sistema na sua vida e em casa que funcione para si e ajude a criar lições sobre o conceito de valor que o dinheiro representa. Poderá fazer com que a família procure interagir com dinheiro real semanalmente.
Isso envolve coisas como recompensas por bom comportamento e ter orçamentos para presentes que as crianças compram para os amigos. 
Levá-los à loja para tomar a decisão da compra ajuda a dar vida ao dinheiro. 
Outra coisa que pode ser feita é encorajar uma cultura de poupança em casa, com cada criança possuindo e gerenciando o seu próprio mini banco.Quanto mais eles se envolvem e agregam valor ao redor da casa e na escola, maiores são as suas poupanças. 
Praticar a doação de dinheiro real também ajuda as crianças a entender que o dinheiro deve fluir. Dar para poder receber. 


Concluíndo,
Ao sermos obrigados a tomar estas medidas deliberadas, estamos preparando a próxima geração para o sucesso.
Esperamos que estas medidas sirvam para fazer com que nossos filhos mostrem força, autonomia e conhecimento financeiro em um mundo futuro que garantidamente se tornará cada vez menos real.

O que é que faz para tornar o dinheiro real na sua vida?
Isso está mudando o seu comportamento ou tomada de decisão?

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Brownie de Chocolate sem Glúten & sem Lactose

    
Brownie de Chocolate sem Glúten & sem Lactose



Esta é a minha versão simples, rápida e fácil do irresistível Brownie de Chocolate.
Uma receita sem farinhas, testada e aprovada por miúdos e graúdos.


Ingredientes:

  • 400 gr de chocolate de culinária 70% cacau;
  • 6 ovos;
  • 100 ml azeite ou óleo de côco;
  • 100 gr açúcar mascavado.

Preparação:

Derreter o chocolate com o azeite em banho maria.

Separar as gemas das claras, às gemas adicionar o açúcar e bater até obter um creme homogéneo. 
Pode não usar açúcar nenhum para uma receita ainda mais saudável, sendo assim apenas bate os ovos, já o fiz e fica igualmente bom. 

Bater as claras em castelo.

Juntar o chocolate derretido à mistura das gemas (não deve estar muito quente para não cozer as gemas), depois envolver as claras em castelo, sem bater. Se quiser parar por aqui terá um mousse de chocolate, senão continue. 

Forrar uma forma com papel vegetal untado para facilitar o desenformar, pois a massa depois de cozida é bastante frágil.

Vai ao forno durante 15-20 min a 180º (o tempo pode variar do forno, a ideia é não deixar cozer demasiado para ele ficar mole no interior). 

Pode adicionar à massa frutos secos picados, pepitas de chocolate, raspa de laranja, etc..
Já fiz sem adicionar açúcar e também com apenas 50 gr, fica muito bom, no entanto podem experimentar conforme o vosso paladar pedir.

Estes Brownies quase se desfazem ao tocar, não ficam direitinhos mas é certo que ficam divinais.


Bom apetite

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Introvert



Sometimes those who don't socialize much aren't actually anti-social.
They just have no tolerance for drama, stupidity, fake people and uninteresting subjects.






sexta-feira, 17 de novembro de 2017

“Navegue” Silvana Duboc

“Navegue”  Silvana Duboc



Navegue, descubra tesouros, mas não os tire do fundo do mar, o lugar deles é lá.
Admire a lua, sonhe com ela,  mas não queira trazê-la para a terra.
Curta o sol, se deixe acariciar por ele, mas lembre-se que o  seu calor é  para todos.
Sonhe com as estrelas, apenas sonhe, elas só podem brilhar  no céu.
Não tente deter o vento, ele precisa correr por toda parte, ele tem pressa de chegar sabe-se lá onde.
Não apare a chuva, ela quer cair e molhar muitos rostos,  não  pode molhar só o seu.
As lágrimas? Não as seque, elas precisam correr na minha, na sua, em todas as faces.
O sorriso! Esse você deve segurar, não deixe-o ir embora, agarre-o!
Quem você ama? Guarde dentro de um porta jóias, tranque, perca a chave!
Quem você ama é a maior jóia que você possui, a mais valiosa.

Não importa se a estação do ano muda, se o século vira e se o milênio é outro, se a idade aumenta;
conserve a vontade de viver, não se  chega à parte alguma sem ela.
Abra todas as janelas que encontrar e as portas também.
Persiga um sonho, mas não deixe ele viver sozinho.
Alimente sua alma com amor, cure suas feridas com carinho.
Descubra-se todos os dias, deixe-se levar pelas vontades, mas não enlouqueça por elas.
Procure, sempre procure o fim de uma história, seja ela qual  for.
Dê um sorriso para quem esqueceu como se faz isso.
Acelere seus pensamentos, mas não permita que eles te consumam.
Olhe para o lado, alguém precisa de você.
Abasteça seu coração de fé, não a perca nunca.
Mergulhe de cabeça nos seus desejos e satisfaça-os.
Agonize de dor por um amigo, só saia dessa agonia se conseguir tirá-lo também.
Procure os seus caminhos, mas não magoe ninguém nessa  procura.
Arrependa-se, volte atrás, peça perdão!
Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando  julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se  afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se achá-lo, segure-o!



“Circunda-te de rosas, ama, bebe e cala. O mais é nada”.
(Fernando Pessoa, Odes de Ricardo Reis)



O alerta de António Damásio para a bancarrota espiritual e moral das sociedades


O neurocientista tem um novo livro, A Estranha Ordem das Coisas – A Vida, os Sentimentos e as Culturas Humanas, que chega sexta-feira, 3 de Novembro, às livrarias portuguesas. 
Este é o excerto de um capítulo intitulado “A crise”.

Foto RUI GAUDÊNCIO

Junto à margem do mar da Galileia, numa manhã de Inverno cheia de sol, a poucos passos da sinagoga de Cafarnaum onde Jesus de Nazaré falou aos seus seguidores, penso nos problemas longínquos do Império Romano mas sobretudo na crise actual da condição humana. É uma crise curiosa, pois embora as condições locais sejam distintas em cada ponto do mundo onde ocorre, as respostas que a definem são semelhantes, marcadas pela zanga, fúria e confronto violento, a par de apelos ao isolamento dos países e de uma preferência por governação autocrática.

Mas a crise é sobretudo decepcionante, pois não devia de todo estar a acontecer. Seria de esperar que pelo menos as sociedades mais avançadas tivessem ficado imunizadas pelos horrores da Segunda Guerra Mundial e pelas ameaças da Guerra Fria, e que tivessem encontrado maneiras de ultrapassar, de modo gradual e pacífico, quaisquer dos problemas que as culturas complexas necessariamente enfrentam. Pensando bem, deveríamos ter sido menos complacentes.
Parte das sociedades que celebram a ciência e a tecnologia modernas, e que mais lucram com elas, parece estar numa situação de bancarrota “espiritual”, tanto no sentido secular como religioso do termo. A julgar pela aceitação despreocupada das crises financeiras problemáticas – a bolha da Internet de 2000, os abusos hipotecários de 2007 e o colapso bancário de 2008 – parecem igualmente estar numa situação de bancarrota moral.

Os tempos em que vivemos poderiam ser a melhor das épocas para se estar vivo, porque estamos rodeados por descobertas científicas espectaculares e por um brilho técnico que tornam a vida cada vez mais confortável e conveniente; porque a quantidade de conhecimentos disponível e a facilidade de acesso a esses conhecimentos nunca foram tão elevadas, acontecendo o mesmo em relação à interligação humana a uma escala planetária, como se prova pelas viagens, pela comunicação electrónica e pelos acordos internacionais sobre todos os tipos de cooperação científica, artística e comercial; porque a capacidade de diagnóstico, gestão e até cura de doenças continua a aumentar e a longevidade continua a prolongar-se de tal forma que se espera que os seres humanos nascidos após o ano 2000 possam viver, e bem, segundo se espera, até uma média de 100 anos. Em breve seremos conduzidos por veículos robotizados que nos poupam esforço e vidas, pois, a certa altura, deveremos ter menos acidentes fatais.

No entanto, para considerar os nossos dias como sendo os melhores de sempre seria preciso que estivéssemos muito distraídos, já para não dizer indiferentes ao drama dos restantes seres humanos que vivem na miséria. Embora a literacia científica e técnica nunca tenha estado tão desenvolvida, o público dedica muito pouco tempo à leitura de romances ou de poesia, que continuam a ser a forma mais garantida e recompensadora de penetrar na comédia e no drama da existência, e de ter oportunidade de reflectir sobre aquilo que somos ou que podemos vir a ser. Ao que parece, não há tempo a perder com a questão pouco lucrativa de, pura e simplesmente, “ser”. Parte das sociedades que celebram a ciência e a tecnologia modernas, e que mais lucram com elas, parece estar numa situação de bancarrota “espiritual”, tanto no sentido secular como religioso do termo. A julgar pela aceitação despreocupada das crises financeiras problemáticas – a bolha da Internet de 2000, os abusos hipotecários de 2007 e o colapso bancário de 2008 – parecem igualmente estar numa situação de bancarrota moral. Curiosamente, ou talvez não tanto, o nível de felicidade nas sociedades que mais beneficiaram com os espantosos progressos do nosso tempo mantém-se estável ou em declínio, caso possamos confiar nas respectivas avaliações.


Ao longo das últimas quatro ou cinco décadas, o grande público das sociedades mais avançadas aceitou, com pouca ou nenhuma resistência, o tratamento cada vez mais deformado das notícias e das questões públicas concebidas para se enquadrarem no modelo de entretenimento da televisão e da rádio comerciais. As sociedades menos avançadas não têm demorado a imitar essa atitude. A conversão de quase todos os “media” de interesse público ao modelo lucrativo de negócios veio reduzir ainda mais a qualidade da informação. Embora uma sociedade viável deva preocupar-se com a forma como o Governo promove o bem-estar dos cidadãos, a noção de que se deve proceder a uma pausa diária de alguns minutos e fazer um esforço para se ficar a par das dificuldades e dos êxitos dos governos e dos cidadãos não só se tornou antiquada, como quase desapareceu. Quanto à noção de que devemos aprender algo sobre essas questões com seriedade e respeito, ela é, hoje em dia, um conceito estranho. A rádio e a televisão transformam cada questão governativa numa “história”, com a “forma” e o valor de entretenimento dessa história a contarem mais do que o seu conteúdo factual. Quando, em 1985, Neil Postman escreveu o seu livro Amusing Ourselves to Death: Public Discourse in the Age of Show Business, ele fez um diagnóstico correcto, mas nem sonhava que sofreríamos tanto antes de morrer. O problema agravou-se com a redução de fundos para a educação pública e com o declínio previsível da preparação de cidadãos, e, no caso dos Estados Unidos, piorou com o repúdio, em 1987, da Fairness Doctrine, que desde 1949 requeria um tratamento equilibrado dos comentários políticos. O resultado, intensificado pelo declínio dos jornais impressos e pela ascensão e domínio quase absoluto por parte da comunicação digital e da televisão, é a carência profunda de conhecimentos pormenorizados e não-partidários dos assuntos públicos, a par do abandono gradual das práticas da reflexão ponderada e do discernimento sobre os factos. É preciso ter o cuidado de não exagerar a nostalgia por um tempo que nunca existiu por completo. Nem todo o público estaria seriamente informado, reflexivo e exigente. Nem todos os cidadãos tinham reverência pela verdade e pela nobreza de espírito, já para não falar de reverência pela vida. Não obstante, o presente colapso da consciência pública séria é problemático. As sociedades humanas encontram-se previsivelmente fragmentadas segundo uma variedade de medidas, como literacia, nível de habilitações, comportamento cívico, aspirações espirituais, liberdade de expressão, acesso à justiça, estatuto económico, saúde e segurança ambiental. Dadas as circunstâncias, torna-se mais difícil do que jamais foi encorajar o público a promover e a defender uma lista de valores, direitos e obrigações que não sejam negociáveis.

Dado o espantoso progresso dos novos media, o público tem a oportunidade de ficar a saber com mais pormenores do que nunca os factos por detrás das economias, o estado dos governos locais e globais, e o estado das sociedades em que vive, algo que, sem qualquer dúvida, se trata de uma vantagem que confere poder real; para além disso, a Internet fornece meios de deliberação fora das tradicionais instituições comerciais ou governamentais, outra vantagem potencial. Por outro lado, em geral, o público não dispõe nem de tempo nem de método para converter as quantidades imensas de informação em conclusões razoáveis e de uso prático. Além disso, as empresas que geram a distribuição e a agregação de informação ajudam o público de forma dúbia: o fluxo de informação é orientado por algoritmos da empresa que, por sua vez, influenciam a apresentação, de modo a adequar-se a uma variedade de interesses financeiros, políticos e sociais, a par do gosto dos utilizadores, para que estes possam continuar fechados no silo de opiniões que os entretêm.

O novo mundo da comunicação é uma bênção para os cidadãos treinados a pensar de forma crítica e informada sobre a História. Mas qual a sorte dos cidadãos que foram seduzidos por um modelo de vida como diversão e comércio? Em grande medida, foram formados por um mundo em que a provocação emocional negativa é a regra e não a excepção, e onde as melhores soluções para um problema passam, em primeiro lugar, por interesses próprios e de curto prazo. Poderemos censurá-los?Reconheça-se, a bem da verdade, que as vozes sábias do passado – as vozes dos experientes e judiciosos editores de jornais, de programas de televisão e de rádio – não eram completamente imparciais, favorecendo visões específicas quanto ao funcionamento das sociedades. Todavia, na maior parte dos casos, essas visões concretas identificavam-se com perspectivas filosóficas ou sociopolíticas específicas, às quais cada um podia resistir ou apoiar. Hoje em dia, o grande público não tem essa oportunidade. Cada um de nós tem acesso directo ao mundo através do seu dispositivo portátil, e é encorajado a maximizar a sua autonomia. Não há grande incentivo para debater, e muito menos aceitar opiniões divergentes.

A disponibilidade generalizada de comunicação abundante e quase instantânea de informação pública e pessoal, um óbvio benefício, reduz, paradoxalmente, o tempo necessário para a reflexão sobre essa mesma informação. A gestão do fluxo de conhecimento disponível obriga, frequentemente, a uma rápida classificação de factos como sendo bons ou maus, agradáveis ou não. Isto contribui, porventura, para um aumento de opiniões polarizadas quanto a acontecimentos sociais e políticos. A exaustão provocada pelo excesso de factos recomenda uma fuga para as crenças e as opiniões pré-definidas, em geral as do grupo a que o indivíduo pertence. Isto agrava-se pelo facto de tendermos naturalmente a resistir à mudança de opinião, pese embora a disponibilidade de provas em contrário, e por mais inteligentes e informados que sejamos.

Foto RUI GAUDÊNCIO

Trabalhos realizados pelo nosso instituto [Instituto do Cérebro e da Criatividade na Universidade da Califórnia do Sul, EUA] mostram que isso é verdade em relação a crenças políticas, mas imagino que também se aplique a uma grande variedade de crenças, desde a religião e a justiça à estética. O nosso trabalho mostra que a resistência à mudança está associada à relação conflituosa entre sistemas cerebrais relacionados com a emotividade e a razão. A resistência à mudança está associada, por exemplo, à activação de sistemas responsáveis pela produção de zanga e fúria. Criamos uma espécie de refúgio natural para nos defendermos contra a informação contraditória. Por todo o mundo os eleitores descontentes recusam-se a comparecer nas urnas. Com tal clima, a disseminação de notícias falsas e de pós-verdades fica facilitada. O mundo distópico que George Orwell em tempos descreveu, tendo a União Soviética como modelo, corresponde agora a uma situação sociopolítica diferente. A velocidade das comunicações e a resultante aceleração do ritmo de vida são igualmente possíveis contribuidores para o declínio da civilidade, identificável na impaciência do discurso público e na crescente grosseria da vida urbana.

Uma questão separada, mas importante, que continua a ser menosprezada é a natureza viciante dos media electrónicos, desde as simples comunicações poremail às redes sociais. O vício desvia tempo e atenção da experiência imediata do ambiente que nos rodeia para uma experiência mediada por uma grande variedade de dispositivos electrónicos. O vício aumenta o desenquadramento entre o volume de informação e o tempo necessário para a processar.

Nota-se uma tensão crescente entre o poder de um público vasto que parece mais bem informado do que nunca, mas que não dispõe do tempo ou dos instrumentos para julgar e interpretar a informação, e o poder das empresas e dos governos que controlam a informação e sabem tudo o que há para saber acerca desse mesmo público. Como sanar o conflito resultante? Há também riscos notáveis a considerar. A possibilidade de conflitos catastróficos que envolvam armas nucleares e biológicas representam riscos reais e possivelmente mais elevados agora do que quando essas armas eram controladas pelas potências da Guerra Fria; os riscos do terrorismo e o novo risco da guerra cibernética também são reais, bem como o risco das infecções resistentes a antibióticos. Podemos culpar a modernidade, a globalização, a desigualdade da riqueza, o desemprego, a educação a menos, o entretenimento a mais, a diversidade, e a rapidez e ubiquidade radicalmente paralisantes das comunicações digitais, mas atribuir culpas não reduz os riscos, de imediato, nem resolve o problema das sociedades ingovernáveis, sejam quais forem as causas.A quebra de privacidade que acompanha o uso universal da Web e das redes sociais garante a monitorização de cada gesto e ideia humana. Todos os tipos de vigilância, desde a necessária por motivos de segurança pública até àquela que é intrusiva e mesmo abusiva, são agora uma realidade, praticados, tanto pelo Governo como pelo sector privado, com total impunidade. A vigilância faz com que a espionagem, até mesmo a espionagem das superpotências, uma actividade estabelecida que nos acompanha desde há milénios, pareça honrada e infantil. Até encontramos vigilância à venda, por lucros elevados, pela mão de uma série de empresas tecnológicas. O acesso ilimitado à informação privada está a ser usado para criar escândalos embaraçosos, mesmo que o tema da vigilância não seja de natureza criminosa. O resultado é o silêncio dos candidatos políticos, para que eles e as suas campanhas políticas não sejam destruídos por revelações pessoais. Isso tornou-se um factor importante na governação pública. Em sectores vastos das regiões mais tecnologicamente avançadas do mundo há escândalos de todas as dimensões que influenciam resultados eleitorais e fortalecem a desconfiança do público em relação às instituições políticas e às elites profissionais. Sociedades que já se debatiam com grandes problemas de desigualdade de riqueza e de deslocações humanas devido ao desemprego e às guerras tornaram-se quase ingovernáveis. Os eleitorados desorientados recordam com nostalgia passados há muito desaparecidos e miticamente melhores, ou, como alternativa, revelam uma revolta profunda. A nostalgia, no entanto, é deslocada, e a fúria, em geral, é mal dirigida. Tais reacções reflectem uma compreensão limitada da miríade de factos apresentados pelos vários órgãos de comunicação social, factos concebidos sobretudo para entreter, promover determinados interesses sociais, políticos e comerciais, e obter grandes recompensas financeiras com isso.


Fonte: 
www.publico.pt/2017/11/02/ciencia/prepublicacao/o-alerta-de-antonio-damasio-para-a-bancarrota-espiritual-e-moral-das-sociedades-1791125